Falar de amor

Quero desabafar mas não tenho ninguém, os amigos estão tão ocupados que não podem escutar-me... procuro uma folha de papel e escrevo. Escrevo mais uma das muitas cartas que não te vou enviar. Não envio, pois a tua ''mensagem'' é clara, apenas restou o silêncio, o vazio.
Esta saudade de querer quem não posso ter, falhas que nada pode preencher, vazio que nada nem ninguém pode ocupar, solidão que parece não passar.
Tenciono ouvir-te dizer: "Fica comigo", mas essas palavras são minhas. A tua covarde voz nem adeus sabe dizer. Parece que me quer prender a este recente passado, por onde mais tempo, eu queria ter andado.
Mas seja onde for, iremos encontrar-nos, iremos falar das saudades dos instantes passados, explicar as promessas que juramos e, se estiveres disposto, interrogarmo-nos se realmente foram momentos de felicidade.
Um dia ainda vamos falar de amor!

(Adriana Veloso)

Super-heróis

Todos os heróis lutam, todos os heróis voam. Cada um de nós tem um dentro de si, sejam eles sombrios, coloridos, feios ou bonitos. Heróis de tantos meninos sonhadores. Todos temos o nosso super-herói, todos precisamos de um para suportar o que nos destrói.
O meu não tem capa, nem tão pouco sabe voar. Mas está sempre presente para me apoiar! Conta-me histórias de "guerra", histórias que não cabem em nenhum livro, histórias que fazem de mim o que eu sou hoje.
O ser mais importante do mundo ensinou-me a não dormir sem lhe desejar boa noite, nunca dormir com raiva, ensinou-me a ter assunto com toda a gente, principalmente com quem está carente.
O segredo da sua grandeza é o seu coração simples que faz com que eu tenha sucesso.
Eu tenho sido um pouco como o meu super-herói, tenho seguido os seus passos, posso dizer que também tenho sido a heroína de alguém.
Mas até os super-heróis, guardam a sua capa invisível, perdem as forças e acabam por desfalecer…

(Adriana Veloso)

Conselhos de quem nada sabe

Para amar não precisas abrir os olhos, eu não preciso que olhes para mim, o importante é veres quem eu sou, quem aqui se esconde.

Porquê focar-me tanto nesta ilusão, nessa tua crueldade formosa, nessa tua incompreensão, falta de ambições e sonhos? Desperdiças tantas alegrias, tantas emoções, tudo para não correres o risco de perder. Não correr o risco de ser falado por outrem. Vives tão sozinho no teu mundo, que chegas ao ponto de esquecer que, ao teu lado mora alguém.

Não é preciso voar alto demais, mas também não deves viver preso nos teus medos e receios. Acima de tudo, luta pela felicidade, cai na realidade!

E que tal pintarmos o retrato que juntos idealizamos? Que tal tornarmos todas as palavras, pequenos momentos, carícias… torná-las realidade? É o que mais quero, mas finjo não saber, finjo não perceber que só o amor me causa este sofrer.

Penso em bater á porta e mendigar, mas aí, a minha personalidade faz queixa. É ela que não me deixa voltar diz que se há amor, não preciso de me rebaixar.

Por uns tempos, não ouviste nada de mim, mas não deixei de pensar em ti. Faço-o porque acredito que tudo vale a pena, acredito que não devemos guardar mágoas, lamentos. É verdade, a tua falta tem sido a razão de vários tormentos.

Secretamente vou gostando, vou aguentando. Por fora, finjo que te esqueci mas, bem lá no fundo, eu sei o que perdi. Perdi quem me trazia a luz do meu olhar, o brilho dentro de mim.

Se houve falta de atenção e se, alguma vez, te deixei para segundo plano, desculpa… mas eu também sei dividir a culpa.

Compreende o que te digo e saberás o que sinto!

(Adriana Veloso)

Basta um abraço

As fotos que não posso ver, fazem-me chorar. Os momentos que não posso ter, fazem-me desesperar. Aquilo que quero ser faz-me pensar.
Sou como sou, mas ninguém disse que estava tudo bem. Por isso, tento fazer com que oiças e vejas quem aqui se esconde, quero saber se poderei ser aquilo que ambicionas. Se não for, tenta descobrir a beleza do meu sentimento. Eu mudaria por um final feliz. E tu tiveste a capacidade de me fazer acreditar que esse final seria ao teu lado.
Eu sei que não sou a mesma durante muito tempo, aquilo que mais faço é assumir que estou errada, eu sei que estou em constantemente mudada, mas esse é o meu escudo protector para este labirinto incerto que é o amor.
Conseguia mostrar-te a grandeza do sentimento, contar-te a “miséria” em que me encontro por saber que é apenas um pensamento meu... Poderia dizer muita coisa mas basta-me um abraço teu!

(Adriana Veloso)

Que fiz eu?

Começo a pensar se fiz algo errado, mas não encontro respostas. Provavelmente não te cuidei como devia, talvez não te amei com tudo o que tinha, sei que não te abracei em todos os momentos de solidão… mas estiveste e continuas a estar sempre no meu pensamento.

Odeio o som que fica em cada adeus, começo a pensar que não há ninguém que precise de mim. Agora, deixou de ter importância, porque todos me abandonam. Continuo a agir artificialmente, tudo isto para não saberem que perdi a minha direcção.

Posso perder constantemente a razão mas só peço que, desde início, me mostrem o que realmente são.

(Adriana Veloso)

O que ninguém viu

Mesmo fugindo eu vou esperando, mesmo sorrindo eu vou chorando, mesmo vivendo eu vou morrendo. A cada segundo, deixo o fingimento surgir para a revolta calar, sigo o meu caminho para te esperar.
Estou sem rumo, ao acaso, nesta incerteza de que irei encontrar, a beleza do amor nesse teu simples olhar.
Nestas idas sem voltas, inundo feridas e escondo revoltas. Com lágrimas vou mentindo, vou cicatrizando, o que vou sentindo, o que me vai matando.
Felicidade? Já senti, mesmo cheia de egoísmo, palavras desajeitadas, eram elas os carinhos que à muito tu me davas.
A verdade é que quando se gosta, tudo vai mudando, todo o mal parece bem, tudo se renova. Mesmo que tenha acabado não deixa de ser recordado.
Foi algo que se construiu e, acabou por se perder, nunca ninguém o viu, e isso faz-me sofrer.

(Adriana Veloso)

Conto como foi...

Momentos em que falávamos das estrelas, da chuva, dos espelhos, dos insectos, do Universo, histórias repletas de imaginação.

Cabeça encosta cabeça, olhos nos olhos, aquela sensação. Começas a cantar, um convite para te acompanhar, juntos cantamos, juntos voamos… até ao infinito!

Carinho, ternura… tudo num beijinho à esquimó. Um abraço protector, uma carícia no coração, borboletas na barriga, de mãos dadas enfrentávamos o que hoje é a destruição.

Ali, havia verdade, troca de sentimentos, desabafos, tormentos. Bastava aqueles momentos em que me olhavas por uns tempos, admiravas o que vias, (dizes que), eu era quem querias.

A rádio desligar, ouvir a chuva cair, chegar a casa e recordar, não conseguir parar de sorrir.

Saudades dos momentos parvos, conversas sem nexo, gargalhadas em conjunto, pensando no assunto.

Tudo isto para quê? Acabar sem uma sólida explicação, sem razão.

Subitamente, frio te tornaste. O teu coração congelou e as portas a mim fechou!

(Adriana Veloso)

Se eu não vier...

A solidão já não me assusta, estas noites sem dormir já não me incomodam, a este sofrimento o meu pensamento já se habituou. São horas paradas, palavras marcadas, todas guardadas dos tempos em que te preocupavas.
Com lágrimas agradeço o que ao vento segredei... este sentimento, ou talvez emoção, não a esquecerei. São as lágrimas que a ti não te dizem nada, e a mim me deixam abalada. Foi bom enquanto durou, só que agora, simplesmente acabou!
Sente estas palavras por onde o meu coração tanto viajou, sou apenas alguém que para longe voou.
A minha cabeça pesa, as horas sem dormir vão-se acumulando, eu vou acreditando. Sinto a melodia do silêncio, vejo as emoções soletradas no Universo, espero assim, o teu regresso.
Espera por mim, se eu não vier... vai-me buscar!

(Adriana Veloso)