Mudar os caminhos

A falta de palavras, a vergonha, o medo de olhar nos olhos reinava, algo estranho ali estava. Foi difícil acreditar que era a primeira pessoa que talvez amava.

Agora juntos, a saudade fica na memória, pensamos muito nela, sentimo-la de forma tão pessoal… mas nem por isso a vemos. Lutamos cada dia, é cada vez mais difícil, a vontade de estar contigo é cada vez maior. Sabemos que não podemos estar juntos todos os instantes, nem sequer todos os dias. Pelo menos, em pensamento, leva-me contigo onde tu fores, esteja frio ou calor, seja cómodo ou sem-abrigo.

O verdadeiro sentimento está aqui e é dado, não tem quaisquer imposições, (digo isto) porque tudo é enfrentado, sejam quais forem as razões. As nossas razões são a distância e a saudade, elas não escolhem idade para pôr alguém assim, para dar cabo de mim. Este sentimento foi algo que nos atacou, algo que ficou no pensamento, aquilo que nos marcou.

Vencemos sempre o que nos faz sofrer: conseguimos estar presentes na ausência, sentimos saudades, estamos perto, mesmo na distância. Um dia perguntaste – “Onde queremos chegar?” – Eu não faço a menor ideia. Vamos apenas esperar e abrir estas janelas, deixar as coisas belas que andam no ar entrar.

Só quero que saibas que quando se muda os caminhos, faz-se por alguém…

(Adriana Veloso)

Momento

Entender a totalidade de um sinal vago nos trilhos de um dia, é compreender o significado de um momento. O que geralmente não é fácil, pois engloba o querer, o poder e o ter... De que vale querer chamar palavras perdidas, poder ver um gesto à distância, se não temos o verbo viver?
Não quero estar cá por um momento, quero tornar-me no momento... porque tudo tem um fim, e aí, soltam-se os mundos e as vozes acabam por se perder. Recuperar momentos, vozes e não me recuperar? Viver o passado e não me viver? Não, isso não é para mim. Eu sou o momento, eu vivo.
Mas a vontade de querer ter de volta o que passou, o que partiu, o que desapareceu, é imensa. Porém, também o pensamento, a auto-estima, o gostar de si próprio... condicionam o desejo instantâneo, que acaba por ser apenas uma ideia louca que nos passou pela cabeça. Todavia, mais cedo ou mais tarde, há sempre um momento que nos obriga a meditar, vai desde a culpa ao sentimento, e ninguém o pode negar.
Um momento pode tornar-se numa vida, tu podes tornar-te num momento!

(Adriana Veloso)

Palavras

Meia dúzia de palavras soltas ao vento, ditas por dizer, a quem não devem pertencer, palavras que aparecem quando menos se espera, do lugar mais incomum… Palavras confusas, quase impossíveis de descodificar, vindas de algum arrependido que nunca se arrepende, mas que não sabe o que falar.

Mas ainda bem que existe um canto qualquer que dá eco a quem nunca tem voz, ainda bem que existe um sentimento que diz o que ninguém diz, ainda bem que eu estou aqui para ser feliz. Porém, esta realidade apenas me mostra que ainda existe vida por detrás de uma máscara que me assusta… não muda nada, nem prova nada de novo.

Ai, essas palavras que vieram mexer com a imagem e a força que criei, são palavras simples mas bonitas, que eu gosto de ouvir, mas não sei o seu verdadeiro significado, elas vêem de alguém que, apenas ali fica parado.

Penso porque é que estas palavras caíram em mim? Não acredito que haverá algum motivo, talvez sejam apenas uma escada para a paz interior de alguém… alguém que, para mim, deveria ser tratado como ninguém.

Oh palavras que levantam uma grande questão: vêem do coração ou apenas por mera educação?

(Adriana Veloso)