A perfeição não existe

Eu era aquela que queria tudo perfeito, mas quando apareceste, mudaste-me! Aprendi a viver o presente, não pensar nas consequências, esquecer o mundo. Pensei: “Vou sofrer de qualquer forma, sofrer por te perder ou sofrer a imaginar o que teria sido”. Não sei se fiz o melhor, se calhar, era preferível nem te ter conhecido! Agora, é difícil encontrar o chão, continuo a cair, caio num buraco negro e tento fugir deste mundo! Isto não é nada do que eu previ, pensei que ainda havia tempo, havia uma razão para eu acreditar num “nós”: o céu havia-te enviado para mim.

Ainda te lembras quando nos agarramos nos nossos corações e na nossa fé? Aí, eu esquecia a perfeição… aí, eu sentia-me realmente viva! A verdade é que nada se compara a ti… procuro-te noutra pessoa. Pessoa essa que nunca será metade do que és e nunca que fará sentir como fizeste.

Amei tudo o que passamos juntos… mas agora há um novo amanhecer, um novo dia e uma nova vida. Porém, o meu coração permanece no passado. Onde está aquele simples dia em que as cores desvaneciam? A minha fé em encontrá-lo é enorme, mas preciso de provas, porque não é qualquer um que vê a luz no meio da escuridão.

Hoje, tento suportar, mas estou cansada de não curar esta dor. Durmo num canto e seguro-me numa linha, quero começar tudo de novo! Não demorou muito até abrirmos os nossos olhos, não demorou muito até saíres da minha vida. Falar é fácil, mas lembra-te de mim quando dormes, pois é isso que faço todas as noites.

Resumindo: conheci-te, fui feliz por breves momentos e voltei ao que era. A conclusão que tiro de tudo isto é que a perfeição não existe, provavelmente nunca existirá. Não sou perfeita, mas posso sempre tornar-me noutra pessoa que seja melhor do que eu!

(Adriana Veloso)

O que ouves à noite...

O que ouves á noite não é um choro. É o meu desespero, a tua falta. Procuro-te, mas na tua porta tem uma espécie de sinal a dizer “vazio”! Porta essa por onde entrei sem medo, sem pensar. Neste frio, caminho sem fim, preciso de ajuda e não tenho um ombro onde me apoiar. Continuo caminhando e quando tento pôr na cabeça que já partiste, há uma luz que me cega, a tua luz!

Ouvi dizer que havia um código secreto: o maior vence e o menor perde. Se assim for, vou perder. Neste momento, sinto-me inferior a uma formiga, como é possível que eu me rebaixe tanto? Eu não sou assim, pelo menos, não costumava ser.

Vejo tantas caras à minha volta… todas me vêem lutar e perder. Por isso, espero que vão embora… volto a lutar e volto a perder. Quando pensei que perdi o meu rumo, deste-me força para suportar, disseste que estarias aqui para carregar o meu coração quando este se enchesse de sombras e desaparecesse. É o que está a acontecer, o meu coração foi-se, sinto-me vazia! Procuro por ti “amigo”, procuro as pegadas que deixaste na minha vida, ajuda-me a encontrá-las e mantê-las intactas.

Tento acreditar no que o meu coração me diz e ouvir a melodia que está a tocar, mas sempre que mudo de melodia, passo atrás… oiço a “nossa” música vezes sem fim. Decorei cada quadra, cada frase, cada palavra, cada letra, cada sinal. Chego a irritar-me comigo própria porque sou apenas uma gota num grande oceano.

Simplesmente vivi o momento. Porém, fechei os olhos e o momento desapareceu!

(Adriana Veloso)

Só me resta...

Não quero mais quem não me quer nem esperar quem não me espera, amar quem não me ama, ver quem não me vê… Não quero perder quem nunca tive nem quero ser quem nunca fui.

Tudo o que eu quero é continuar a sonhar, dar asas aos meus sonhos para voarem, quero ser a sonhadora que era, não à muito tempo atrás, mas a verdade é que tive de crescer! Quero voltar a ser aquela menina que acima de tudo tinha sempre um sorriso para mostrar. Por isso, quero agarrar-me ao tempo em que nada importava, não consigo explicar o que se passou ou apagar o que fiz. Não me lembro como ou porquê só sei que é tudo uma grande mentira. Mas como é que isto me foi acontecer a mim? Sei que cometi os meus erros e agora não tenho para onde fugir…

Tento suportar a dor que não vai embora, segurar a lágrima que insiste em cair, forçar o sorriso que se quer esconder, abrir o coração que fechou, ser a menina que se desvaneceu com o tempo. Nesta história sou a única que morre… e morro porque quero demais!

Costumo sorrir sem qualquer motivo, fico triste por nada, sinto-me só no meio de uma multidão, invejo tudo e todos… tudo isto é a falta de um sorriso sincero, a necessidade de um carinho, desejo de beijar com certeza e abraçar com vontade. É passear de mãos dadas com a felicidade, é sentir de verdade! São realidades que ainda não descobri ou se descobri, não me apercebi e deitei tudo a perder.

Tenho tudo o que preciso (eu sei que tenho), agora, só me resta acreditar…

(Adriana Veloso)

O que eu sou..

Partir um coração, fechar os olhos, ficar calado… são coisas tão banais, tão vulgares! Coisas que acontecem todos os dias, a cada minuto, cada instante!

Um sorriso sincero, um verdadeiro “tudo bem”, falar quando é necessário… não acontece com tanta regularidade.

O que mostro por fora, a minha maneira de ser, algumas das palavras que digo, um sorriso falso que insiste em possuir-me… nenhuma destas coisas pode ser considerada verdadeira. Vivo a vida à minha maneira, a maior parte das vezes, fingindo. É como um enorme teatro, onde sou a actriz principal, a que não pode falhar!

Sou aquela que cala para não magoar, a que chora sem ninguém ver, a que traz um sorriso na cara, a que se sente sozinha, a que anda perdida, a que se esconde, a que sonha, a que arrisca, a que desiste, a que quer amar, a que quer que a conheçam, a que perdoa, a que quer parar de fingir. Sou aquela que quer mudar…

Mas a mudança não é tão fácil como parece. Ao mudar, habilito-me a perder tudo o que construí até hoje, um mundo de fantasias, ilusões! Quero ser transparente, quero ter coragem para dizer: “Não, não está tudo bem!”

Não posso contar os meus problemas. Muitos me pedem conselhos, para muitos, sou o seu porto de abrigo. Aquela a quem podem sempre recorrer. Tenho medo da mudança, tenho medo que com ela, tudo mude… o que quero e o que não quero. Não quero perder aqueles que me iluminam no meio de toda esta escuridão.

O verdadeiro objectivo é ser feliz.

(Adriana Veloso)

Eterna falsa esperança

Porque não encontras uma solução e não tens a certeza de que ficarás?

Sei que enfraqueci quando o suposto era ter aguentado! Eu simplesmente acreditei e não desisto… provavelmente em vão. Não te irei desiludir novamente, por isso, não tenhas medo (continua a lutar). Tento proteger-me ao esconder-me de toda a verdade que é revelada através da luz. Apenas olha-me nos olhos, os olhos são tão verdadeiros, tão reais! Fecha-os, esquece tudo o que está para trás, mas não te esqueças de mim.

Tudo o que eu queria era que o “hoje” não terminasse, apenas me irei lembrar do amor que partilhamos hoje. Quero que o “amanhã” fique á espera eternamente. Eu costumava pensar: “estás comigo, aqui e agora”. Desta forma, todos os meus medos desapareciam, eras “tudo” o que eu via. Não te esqueças de mim, mantém-me acordada no teu pensamento, pois não ficaremos assim para sempre, sei que amanhã não poderei ter-te ao meu lado. Eu não posso fazer do passado momentos sem fim. Se pudesse, provavelmente, não estaria a escrever este texto deprimente que ninguém tem interesse em ler. Mas a escrita é o meu porto de abrigo, é o que me faz acreditar que não está tudo perdido, o que me dá força para continuar. Porém, não é a escrita, não é o conceito de seguir em frente, não são os amigos, que me ajudarão a ultrapassar tudo isto… mas sim o tempo, apenas este nos dirá como iremos viver um sem o outro.

Deixa-me iluminar-te, guardar-te, libertar-te, acalmar-te e guiar-te. Diz-me que não sou indiferente, que precisas de mim, agora e sempre! Promete-me que tudo o que disseste era verdade… é tudo o que te peço! Só de imaginar que poderia ser tudo uma grande mentira, tudo tão fingido, tão falso… sinto-me insegura e o amor torna-se cada vez mais distante e sombrio. Somente não quero acabar sozinha. Sabes que eu estarei por perto, aquela a quem podes sempre ligar… estarei eternamente próxima o suficiente para beijar as lágrimas que choras e irei fazer com que a luz do dia as seque. Ou seja, continuo aqui e ainda me importo contigo. Não desistas de mim e não faças com que eu desista de ti…

Olho para o futuro e está tudo mudado… peço para voltar para onde estava. No futuro não estás mais comigo. Mas, talvez, não precise de ser uma das partes que te constroem, desde que, continues a construir-me.

Costumo imaginar que surges quando canto, ainda consigo sentir-te. Neste quarto, chamas-me lentamente, dizes que também sentes falta do que passamos. Parece que estás cá dentro escondido e, de alguma forma, consegues estar comigo. Será que esta noite irás finalmente aparecer por completo? Consigo ver-te acordado a qualquer momento, na minha cabeça. Não te escondas mais, não consigo acreditar que tudo o que vejo é apenas um vulto, uma imagem. Todos me dizem que são apenas sonhos impossíveis, que histórias destas não acontecem… podem ser apenas sonhos, mas, são a minha realidade!

(Adriana Veloso)

Sinto a tua falta...

Tenho saudades do tempo em que tinha mais uma razão para viver. Quando esperava a semana inteira para estar contigo. Lembro-me quando olhavas para a minha boca quando falava, lembro-me que me pedias para te olhar nos olhos. Eu simplesmente não conseguia. Era demais para mim… saber que nunca mais te iria tocar, sentir, gostar…
Os teus olhos quase não tinham brilho. Foi isso que me chamou à atenção. Podia jurar que vi a tristeza do teu coração. Senti-me como a luz que poderia iluminar o teu olhar. Um dia procurei-te no meu lado e não te encontrei... Passava a noite a olhar para a porta, à espera de quem nunca iria chegar. Já tinhas partido! Nem uma palavra... apenas um forte abraço que ainda hoje guardo no meu coração.
Há noites em que sonho que ainda estás aqui, que nunca partiste, que ainda posso agarrar a tua mão, sonho com aqueles momentos em que o mundo parava, em que nos escondíamos de todos.
Este sonho não devia acabar... mas a distância é tão forte, tão madrasta! Ainda continuo à espera que me ligues e me digas que foi tudo um pesadelo.
Sempre que penso em ti... sustenho a respiração. Pergunto-me porque partiste. E sempre que oiço o teu nome, volto aos tempos em que estavas comigo.
Contudo, apenas te quero dizer que sinto a tua falta e que aconteça o que acontecer... estarás no meu pensamento.

(Adriana Veloso)