O filme...

Fechei os olhos, relaxei! Imaginei que estava numa sala de cinema… ouvia os passos das pessoas que passavam para a fila da frente. Escolhi um lugar, na última fila, num canto… e então, sentei-me. A tela abriu, começa então, o filme da minha vida…

Tudo começa no hospital, eu entro no filme e vivo a cena! Vi os pormenores das máquinas, pormenores do seu corpo ainda quente, com o sangue que me deu origem a correr nas veias. Vi a fraqueza em que já se encontrava, uma cor pálida, mas acompanhada de um sorriso e de uma lágrima. Ele tinha visto as suas pequeninas a entrar no quarto para o visitar!

Não consegui sentir o sabor ou o cheiro da cena. Mas ouvi as máquinas do hospital, era um som irritante que cortava as poucas palavras que poderiam existir. Ouvi também passos, choros desesperados que se transformavam em lágrimas eternas e dolorosas… Ouvi a sua voz, então acalmei. Uma voz em tom baixo e suave que o meu coração tomou como um “Olá”!

Depois veio o toque, em meu corpo sentia o pequeno coração apertado, coração que batia velozmente… quase a caber na palma da minha mão. Algo o perfurava, era a dor de o ver naquele estado! A minha barriga doía, estava com medo, segue-se um mal-estar … A sua mão agarra na minha com tanta força… trazia consigo esperança, alegria de viver!

Agora a tela fecha, a cena acaba, e volta a ser tudo uma simples recordação! Choro, pois foi como se tivesses estado comigo, tivesses-me tocado e voltasse a perder-te!

Não é o melhor ou o pior que recordo, é sim a ideia mais concreta que tenho de ti, eu apenas não o sabia!

( Pai * )

(Adriana Veloso)

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