A morte

Hoje, olhando a Natureza, decidi escrever sobre o que me aterroriza: a morte. A minha experiência dita que perder um ente querido é perder um bocadinho de brilho, de inocência. Os olhos vão morrendo pouco a pouco; o verso fica sem rima.
Escrever sobre o que magoa é querer o amor ausente. Amor que fisicamente não será mais demonstrado. O carinho vai-se perdendo, a saudade vai aumentando, a lágrima lentamente deslizando. Fico no desespero revoltada, inconformada sem saber o que nos torna tão frios. Vou ao encontro de uma definição, para compreender, para aceitar.
Dizem-me que a morte não passa um simples adeus, que os que partiram foram para um lugar melhor. Proíbem-me de ficar triste, mas as minhas mãos estão cheias de saudade. Algo que sempre escondi: eu ainda não sei lidar com a morte, por mais que ela passe por mim, eu ainda não descobri como deixa-la passar sem que me leve um pedaço do que eu sou. Por fora, finjo ser dura, ser de pedra; ajudar os que estão a passar pelo que passei, mas não há auxílio, cada um lida com ela da forma que consegue. Cada um descobre como seguir o seu caminho recordando quem já partiu.
O pouco brilho que me resta, está enevoado, impedindo-me de não chorar. O sentimento é errante, vai embora no olhar de quem já mora distante. A morte é quando o tempo e a distância se unem para sempre. Então vemos que existe a canção da liberdade para os momentos de saudade. As palavras da melodia são por arte lágrimas de solidão.

(Adriana Veloso)

3 comentários:

M-nus disse...

Há quem diga que é o ultimo desafio, a partida para a aventura. Gosto mais de pensar assim do que temer o desconhecido. No fundo, afecta-nos mais quando perdemos os nossos queridos do que quando nos perdemos a nós. Tal como a vida, a morte é facil, difícil é saber morrer.
Kiss

Anónimo disse...
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Anónimo disse...

Hey Dear,
Sim, a morte é a partida para a aventura. Mas não sabemos o que isso significa ao certo, por isso, imaginamos um pouco de tudo, questionamos se estão bem, se (de alguma forma) ainda existem – para além de viverem nos nossos corações. Quando vemos que estamos a perder muitos daqueles que amamos e vemos que estamos a ficar para trás, é como se perdêssemos o Norte por uns tempos que parecem a eternidade (e eu pergunto-me: a eternidade é para quem parte ou para quem fica?). Uma frase muito ouvida: ‘’Live together, die alone’’ - não queremos que aqueles com quem partilhamos carinhos, momentos, sentimentos, ou até mesmo, um simples abraço ou um acompanhar a casa no final do dia, não queremos que pensem que foram abandonados, não queremos que estejam sós. A saudade é a mais teimosa, chegamos a um ponto de saturação em que aceitamos a partida, mas a saudade não parte, está sempre aqui para silenciosamente bater à nossa porta e tornar tudo vivo, real. A morte é mais como um destino que a todo o custo tentamos entender, e nenhuma resposta está interessada em aparecer.

Obrigada pelo comentário.
Kiss on you :)
Adriana Veloso